Notícia de:

Transpondo os limites da sala de aula e propondo uma discussão transdisciplinar, o projeto de extensão da UFMG  ‘Filosofia na Praça’,  promovido pelo Departamento de Filosofia da UFMG com apoio do Espaço de Conhecimento da UFMG,  objetiva oferecer cursos de extensão de filosofia para a comunidade em geral. A cada semestre, a programação, constituída de módulos independentes, porém interconectados por meio de um tema específico comum, visa refletir sobre questões relevantes da cultura contemporânea tais como: conhecimento e arte, éticas filosóficas, teorias da ciência, mito e filosofia, antropologia filosófica, teorias da ação, o espaço urbano como desafio à reflexão filosófica, etc.

No segundo semestre de 2019, sobo título  Verdade e Pós-verdade – considerações filosóficas e à luz de diferentes perspectivas teóricas e de situações contemporâneas no Brasil e no mundo, vamos discutir as relações entre filosofia, ética, estética e política tendo como fios condutores os conceitos de verdade e pós-verdade, analisando-os a partir de autores clássicos como Platão, Aristóteles, Luciano, Arendt, Adorno  e Horkheimer, entre outros. A análise será feita ao longo de quatro módulos, que, embora possuam uma conexão entre si, são independentes  e podem ser cursados separadamente.

As aulas acontecem às quartas-feiras, das 19h30 às 21h10, no Espaço do Conhecimento UFMG. O curso está planejado para durar de 7 de agosto a 20 de Novembro (para aqueles que irão se matricular em todos os 4 módulos). As inscrições  para cada módulo (R$ 165,00 cada) ou para o curso completo (R$ 595,00), podem ser realizadas nos site da FUNDEP/UFMG.

O nome do projeto, Filosofia na Praça (criado em 2013), foi inspirado na prática do filósofo grego Sócrates, que dialogava com toda e qualquer pessoa no espaço público do mercado e da praça, na cidade de Atenas, em uma vida dedicada ao exame de conceitos, valores e crenças ligados a todos os aspectos do conhecimento humano. A praça (agorá, em grego) era um espaço aberto, no centro da cidade, a ser ocupado por toda a população, para as mais diversas atividades. Por meio desse projeto, acreditamos, como o mestre de Platão, que a filosofia também possui, aqui, na praça, sua utilidade e seu lugar.

Programação completa dos quatro módulos:

Módulo 1 –  Política e Verdade. Reflexões a partir de Hannah Arendt 


Professor responsável: Helton Adverse (Filosofia/UFMG)
Datas:  7, 14, 21 e 28 de Agosto.
Horário: 19h30 às 21h10 
Ementa: Haveria lugar para a verdade na política? Ou seriam elas essencialmente incompatíveis? A proposta do curso é explorar alguns aspectos da relação entre política e verdade a partir de dois textos de Hannah Arendt: o primeiro se intitula “Verdade e Política” (publicado em Entre o passado e o futuro); o segundo texto é “A Mentira na Política” (publicado em Crises da república).


Módulo 2 –   Algumas ferramentas conceituais para se compreender a pós-verdade

Professor responsável: Ernesto Perini (Filosofia/UFMG) Datas:   4, 11, 18 e 25 de Setembro
Horário: 19h30 às 21h10 
Ementa: A expressão “pós-verdade” designa uma maior aceitação no espaço público de afirmações claramente falsas. De fato, parece haver algo de novo no mundo que é capturado nesta expressão. Para entender o que ocorre, este módulo irá apresentar ferramentas conceituais reunidas em torno das seguintes perguntas: Por que aceitamos algo como verdadeiro? Todas as questões são legítimas? Como o saber se divide na sociedade? Como circulam informações? Cada uma destas perguntas traz um conjunto diferente de conceitos para compreender esta inquietante tendência nas sociedades contemporâneas.


Módulo 3 – Retórica, verdade e verossimilhança em Platão, Aristóteles e Luciano

Professores responsáveis:   Maria Cecília De Miranda N. Coelho  (Filosofia/UFMG) e Jacyntho J.Lins Brandão  (Letras/UFMG) Datas:   2, 9, 16 e 23 de Outubro
Horário: 19h30 às 21h10  
Ementa: Em um primeiro momento (as primeiras duas aulas, a cargo da Profa. Ceciíia), serão apresentadas as críticas de Platão à retórica, a partir do modo como o filósofo grego afirmava que ela era praticada pelos sofistas, o que será feito por meio da análise de algumas passagens dos diálogos Górgias e Fedro.  Em seguida, analisaremos a revalorização dessa disciplina por Aristóteles, que em sua obra Retórica  a apresenta  como contraparte da dialética. Na segunda parte do módulo (as duas aulas finais, a cargo do prof. Jacyntho), serão analisados os conceitos de verdade e de verossimilhança, bem como a imagem da figura do filósofo no âmbito da obra de Luciano de Samósata.


Módulo 4 – O papel dos meios de comunicação na formação dos falsos consensos

Professor responsável:Rodrigo Duarte (Filosofia/UFMG)
Datas:   30 de Outubro e  6, 13 e 20 de Novembro
Horário: 19h30 às 21h10 
Ementa: Na primeira metade da década de 1940, Adorno e Horkheimer, no seu exílio estadunidense, formularam o conceito de “indústria cultural”, por meio do qual elaboraram uma crítica contundente aos meios de comunicação de massa, quanto ao seu papel de, além de vender mercadorias culturais de valor muito discutível, estabelecer consensos que atenderiam antes aos interesses de uma minoria econômica e politicamente privilegiada do que aos do grande público.  Quase oitenta anos depois tendo em vista o espantoso desenvolvimento tecnológico trazido pela digitalização dos media, o modelo de crítica à indústria cultural proposto pelos filósofos alemães continua válido e se mostra particularmente útil para explicar os fenômenos recentes da “pós-verdade” e das fake news.

Organização:
Maria Cecília de Miranda N. Coelho (Coordenadora)
Romana Almeida Guimarães (Monitora)